quinta-feira, 16 de maio de 2013

A dieta pode auxiliar o controle do ácido úrico?




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Crises de gota, pedras nos rins, aterosclerose, nefropatias e até infartos podem ser causados pelo excesso de ácido úrico no sangue.

“Dentre os mitos e crendices populares sobre a medicina, as alterações provenientes do excesso do ácido úrico, em nosso organismo, estão entre as mais disseminadas na população. Diferente da crença geral, o excesso de ácido úrico não causa descamação de mãos e pés, não se agrava com a ingestão de frutas cítricas e não causa escurecimento da pele ao contato com metais de bijuterias”, essa informação vem do

Centro Integrado de Terapia Nutricional, o Citen, através de sua diretora clínica, a endocrinologista e nutróloga, Ellen Simone Paiva.

O ácido úrico é uma substância presente no organismo e proveniente do próprio metabolismo, ou seja, nós produzimos ácido úrico e essa produção é responsável por 90% de todo o ácido úrico do corpo. O restante, cerca de 10%, provém da dieta. Logo, na maioria das vezes, o que define os níveis de ácido úrico no sangue das pessoas não é o que elas comem e sim a quantidade da substância que elas produzem ou eliminam. “O índice desta substância não deve ultrapassar o nível máximo de 6,0 mg por 100 ml de sangue nas mulheres e 7,0 mg nos homens. Caso contrário, o excesso de ácido úrico pode afetar a capacidade de solubilidade do sangue, formando os temidos cristais que vão sendo depositados nos órgãos e nas articulações e que podem levar a um intenso processo inflamatório, com disfunção de órgãos importantes, como os rins e inchaço das articulações, conhecido como gota”, explica a endocrinologista.

Podemos ter excesso de ácido úrico quando produzimos muito ou quando excretamos pouco esta substância. As principais causas para o aparecimento da doença são a herança genética e os defeitos metabólicos que culminam no acúmulo da substância no organismo.

Gota

“O quadro de gota é tão característico que o diagnóstico dispensa muitos exames. Geralmente, o paciente acorda no meio da noite com uma dor lancinante, muito freqüente no hálux, o dedão do pé, podendo ocorrer em outras articulações. Ele não suporta a colcha em contato com o dedo e, muitas vezes, ele procura o pronto socorro no meio da noite por não suportar a intensidade da dor. O dedo geralmente fica inchado e arroxeado pelo processo inflamatório. Cerca de 20% das pessoas que têm o ácido úrico elevado desenvolvem crises de gota, sendo acometidos muito mais homens do que mulheres — a proporção é de 8 para 1”, afirma a diretora do Citen.

Complicações renais

Além da gota, o excesso de ácido úrico no sangue pode ser filtrado pelo rim e causar a precipitação dos cristais com a formação de pedras de ácido úrico ou pedras mistas de ácido úrico com sais de cálcio. “Esse quadro pode ser descoberto durante as terríveis cólicas de rim, que invariavelmente necessitam de atendimento em unidades de emergência pela gravidade da dor. Muito mais grave é a infiltração renal pelo ácido úrico, que praticamente penetra em todo o parênquima renal, como que ‘concretando’ o rim, podendo inclusive levar à insuficiência renal”, explica a nutróloga.

Síndrome Metabólica

Do ponto de vista cardiovascular, o excesso de ácido úrico propicia a ocorrência de hipertensão arterial e faz parte dos fatores de risco cardiovasculares que compõem a chamada Síndrome Metabólica. Trata-se de pacientes onde o excesso de ácido úrico faz parte de uma alteração metabólica complexa que cursa com obesidade central, hipertensão arterial, diabetes, elevação de triglicérides e redução do colesterol protetor, o HDL colesterol. “Nesses casos, a elevação do ácido úrico pode levar a um maior risco para o infarto agudo do miocárdio”, alerta a Dra. Ellen Paiva.

Pesquisa realizada pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor) concluiu que o ácido úrico sozinho é capaz de aumentar em 3,5 vezes os riscos de um adulto apresentar calcificação nas artérias do coração — o que significa um potencial 10 a 12 vezes maior de ocorrer um infarto e morte súbita.

Como tratar?

O diagnóstico do problema é feito através das complicações que ele causa aliado a um exame de sangue, que revela os níveis de ácido úrico no organismo. Nos pacientes assintomáticos, a única forma de fazer o diagnóstico é através da dosagem sangüínea do ácido úrico. Em alguns casos, pode-se investigar a excreção urinária do ácido úrico através do exame de urina de 24 horas. “A partir da comparação destes dois resultados, o médico indica o tratamento mais adequado para cada caso, uma vez que existem remédios tanto para inibir a produção como para aumentar a excreção do ácido úrico”, explica a Dra. Ellen Paiva.

Algumas vezes, frente a um quadro de inflamação aguda de uma articulação pode-se fazer a pesquisa de cristais de ácido úrico no líquido articular.

Após o aparecimento dos sintomas e da primeira crise de gota diagnosticada é fundamental que o paciente tome medicações específicas e siga um programa de dieta para alcançar a normalização dos níveis de ácido úrico no sangue. Muitas vezes, quando as crises de gota se repetem duas ou mais vezes no ano, há a necessidade do uso contínuo de medicamentos. “Sem o tratamento adequado, o paciente também corre o risco de desenvolver uma poliartrite, ou seja, uma inflamação em várias articulações ao mesmo tempo ou até uma destruição das mesmas”, alerta a médica.

Orientações nutricionais

Um ponto essencial no tratamento destes pacientes é seguir uma dieta alimentar equilibrada, que vise a redução do peso, em caso de obesidade, e o controle de fatores agravantes, como a hipertensão arterial e o diabetes. “A dieta se dirige apenas aos casos de gota e doença renais secundárias ao excesso de ácido úrico e se baseia na redução de alguns alimentos ricos em fragmentos protéicos denominados purinas, que são os precursores da formação do ácido úrico no organismo. Além disso, devemos substituir ou suspender, quando possível, alguns medicamentos que causam a elevação do ácido úrico, como os diuréticos”, recomenda a endocrinologista Ellen Paiva.

Com relação às dietas para o controle da doença, a diretora do Citen recomenda que o paciente:

1. Entenda que restrições calóricas intensas podem elevar agudamente o ácido úrico no sangue. Isto porque essas dietas causam a chamada cetose, que, por sua vez, leva à excreção renal prioritária dos corpos cetônicos em detrimento da excreção do ácido úrico, podendo causar  uma crise de gota;
2. Mantenha uma hidratação adequada, pois esta medida é um fator de prevenção, uma vez que dilui a urina, aumenta o volume urinário e reduzindo a possibilidade de precipitação dos cristais de ácido úrico;
3. Saiba que nenhuma dieta que se propõe ao tratamento dessa condição é bem sucedida se o consumo de álcool não for abolido. Isso se aplica aos quadros de gota e lesões renais causadas pelo excesso de ácido úrico. São comuns crises de atrite aguda que se seguem ao consumo de bebida alcoólica;
4. Tenha conhecimento que, nos casos de elevação discreta e assintomática do ácido úrico, ele pode fazer uma dieta sem restrições alimentares específicas, desde que mantenha o peso normal e o controle dos demais parâmetros metabólicos como a glicose, os triglicérides e o colesterol. Não se justifica a restrição de grãos, frutas cítricas e tomate, como muitos acreditam;
5. Seja informado que maiores níveis de ingestão de carnes e frutos do mar estão associados a um aumentado risco de gota. Estudos recentes têm revelado que para cada porção adicional diária de carne na dieta, teremos 21% de aumento do risco de gota e para cada porção semanal adicional de frutos do mar, 7%;
6. Saiba que há forte relação inversa entre a ingestão de laticínios – principalmente os de baixo teor de gordura – e a incidência de gota. A ingestão de proteínas do leite – caseína e lactalbumina – tem sido mostrada como fator redutor do ácido úrico em pessoas saudáveis devido ao efeito dessas proteínas, facilitando a perda de ácido úrico na urina e reduzindo assim seus níveis no sangue;
7. Tenha a informação de que uma maior ingestão de proteínas vegetais não tem sido relacionada a risco aumentado de gota na população em geral. Alguns estudos sugerem que a proteína vegetal – encontrada nas leguminosas como o feijão, soja, lentilha, grão de bico e ervilha – pode até ter um efeito protetor, embora menos efetivo do que aquele exercido pelos laticínios.

Relação de alimentos

A nutricionista do Citen, Amanda Epifanio, preparou uma relação com os alimentos que podem e que não podem ser consumidos por quem apresenta elevação das taxas de ácido úrico no sangue.

=> Alimentos proibidos:
- Álcool, principalmente os fermentados como a cerveja.
- Peixes: salmão, bacalhau, arenque, ovas de peixes, truta, cavala, sardinha.
- Carnes: vitela, bacon, carneiro e cabrito.
- Miúdos: coração, fígado.
- Aves: galeto, peru.
- Pães doces e molhos em geral.

=> Alimentos que devem ser consumidos moderadamente:
- Carnes: vaca, frango, porco e presunto.
- Peixes não citados no grupo anterior.
- Camarão e frutos do mar.
- Leguminosas: feijão, soja, grão de bico, ervilha, lentilha.
- Verduras: aspargo, cogumelos, couve-flôr, espinafre.
- Cereais integrais.
- Oleaginosas: côco, nozes, amendoim, castanha do Pará e de caju.

=> Alimentos que podem ser consumidos livremente
- Leite e derivados.
- Ovos.
- Chá.
- Vegetais: legumes e verduras exceto os citados no grupo anterior.
- Doces em geral.
- Frutas: todas.

Fonte
Centro Integrado de Terapia Nutricional – Citen

Serviço:
CITEN – Centro Integrado de Terapia Nutricional
Endereço: Rua Vergueiro, 2564.
Conjuntos 63 e 64
Vila Mariana
São Paulo-SP
CEP: 04102-000
Atendimento: De segunda a sexta.
Horário: 08h30min às 18h30min horas.
Telefone: (11) 5579 1561/5904 3273.

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